4 de mai. de 2025

Em outra vida, talvez? - Taylor Jenkins Reid

Título: Em outra vida, talvez?
Título original: Maybe In Another Life
Autor: Taylor Jenkins Reid
Editora: Record
Número de Páginas: 322
Ano de Publicação: 2018

Olá! Tudo bem? Após muito tempo, retorno às leituras. O livro de hoje surgiu ao acaso, como próxima escolha de um clube do livro do qual participo. Não consegui lê-lo a tempo do debate, mas concluí algumas horas depois. Sem mais enrolação, hoje falo sobre "Em Outra Vida, Talvez?", da Taylor Jenkins Reid.

Um pouco da história

Hannah é uma norte-americana de 29 anos que, ao refletir sobre sua vida, percebe que vive em constante mudança desde a faculdade: nunca se estabeleceu em um emprego inspirador, teve relacionamentos frustrantes e não encontrou um lar. Após descobrir que era amante de um homem casado, decide abandonar sua vida solitária em outro estado e retornar a Los Angeles, sua cidade natal.

Na chegada, é recebida por Gabby, sua melhor amiga, que organiza uma festa de boas-vindas com amigos da juventude, incluindo Ethan, seu primeiro namorado e grande amor. Durante o evento, Hannah reencontra Ethan e recebe um convite para saírem juntos. A partir daí, a narrativa se divide em capítulos alternados, apresentando dois desfechos possíveis.

No primeiro, Hannah recusa o convite de Ethan para evitar novos erros. Ao voltar para casa, descobre que ele saiu com outra mulher. Abalada, decide distrair-se com Gabby, tirando fotos pelas ruas, mas é atropelada e hospitalizada. Durante a internação, descobre que perdeu um bebê no acidente e, no processo de recuperação, apaixona-se pelo enfermeiro noturno.

No segundo desfecho, Hannah aceita sair com Ethan. Reconquista o amor da adolescência, compra um carro e adota uma cadela. A felicidade, porém, é abalada ao descobrir uma gravidez inesperada e a traição sofrida por Gabby, sua melhor amiga.

Opinião

O livro de Taylor Jenkins Reid é leve e propício para reflexões sobre o impacto das escolhas. A autora explora como decisões aparentemente banais podem alterar rumos, enquanto certos eventos parecem inevitáveis, independente do caminho.

A obra aborda temas como a entrada na vida adulta após os 30 anos, a busca por um lar e a maternidade solo. Embora superficial em alguns pontos, a narrativa flui bem e consegue emocionar no final.

Recomendo para quem busca uma leitura descontraída, mas com nuances que provocam suspiros e momentos de introspecção. Gostei da experiência!

 ★★★★☆

Trechos da Obra 

"É muito fácil racionalizar o que você está fazendo quando não conhece os rostos e os nomes das pessoas que talvez esteja magoando. É muito mais fácil escolher você mesma em vez de outra pessoa quando a coisa é abstrata"

"Como se chora a perda de uma coisa que você nem sabia que tinha?"

"Quando a gente deseja que algumas coisas tivessem acontecido de forma diferente, não dá para querer que as coisas ruins simplesmente evaporem."

"Não importa se não tivemos a intenção de fazer o que fizemos. Não importa se foi um acidente ou um erro. Muito menos se acreditamos que isso tudo seja obra do destino. Porque, independentemente dele, ainda temos de responder pelos nossos atos. Fazemos escolhas, grandes e pequenas, todos os dias das nossas vidas, e essas escolhas têm consequências. 

Temos de lidar com essas consequências de frente, para o bem ou para o mal. Não podemos apagá-las simplesmente dizendo que essa não foi nossa intenção. Destino ou não, nossas vidas continuam sendo o resultado das nossas escolhas." 

"Quando a gente quase perde a vida, sente vontade de redobrar os esforços, de fazer algo realmente importante e maior do que você mesmo."

"É perfeitamente possível que a cada vez que tomamos uma decisão, haja uma versão de nós mesmos em algum lugar que escolheu seguir por outro caminho. Um número infinito de versões de nós está vivendo as consequências de cada possibilidade nas nossas vidas."

15 de mar. de 2025

[Filme] Dragon Inn (1967) - King Hu

 Tudo bem? Aproveitando a empolgação pelo novo projeto com os filmes, aqui vai mais um da lista da Criterion Collection. O filme da vez é Dragon Inn, de 1967.

Detalhes

Diretor: King Hu

País: Taiwan

Ano: 1967

Duração: 111 minutos

Elenco: Lingfeng Shangguan. Chun Shih, Ying Bai, Chien Tsao.

Produtora: Union Film Company 

Sinopse

Tsao é o eunuco mais poderoso do imperador e exerce um papel perigoso por meio de táticas desonrosas. No jogo de poder da China, Tsao consegue derrotar o General Yu, seu maior rival político, e, após a derrota, ocorre o exílio dos filhos sobreviventes do general. Diante do perigo que eles representam, Tsao decide, sorrateiramente, orquestrar o assassinato dos herdeiros do general antes que cruzassem a fronteira.

Durante o plano de interceptação dos exilados, a polícia secreta de Tsao arma uma emboscada no Dragon Inn, um ponto de descanso para aqueles que atravessam a área desértica, percorrida também pelos filhos de Yu. Durante a tomada da pousada, Hsiao, um poderoso lutador de artes marciais, aparece e se recusa a sair, superando as investidas dos agentes secretos de Tsao, afirmando que só deixará o local após ver Wu Ming, o dono da pousada. O fato desconhecido dos invasores é que Wu Ming é um antigo tenente do General Yu e convocou Hsiao para proteger o local e os sobreviventes do seu antigo líder.

No meio desse conflito, dois irmãos, também lutadores de artes marciais e filhos de outro tenente do General Yu, chegam e se aliam à resistência na pousada. Todo o confronto explode com a chegada dos filhos do General Yu, seguida do franco ataque dos soldados de Tsao e da luta desesperada de um pequeno grupo de lutadores contra um exército. 

Impressões

Com base em experiências anteriores com filmes wuxia, "Dragon Inn" apresenta pontos muito bons, embora também tenha aspectos que poderiam ser aprimorados. A história é envolvente e a criação do clima de tensão durante os constantes perigos enfrentados pelos heróis, tanto antes quanto após a chegada dos filhos do general, é muito bem trabalhada. Foi o primeiro filme do gênero que assisti com um foco maior na narrativa; em outras obras, a introdução justificava o roteiro, mas o restante consistia basicamente em sequências de lutas.

A única ressalva diz respeito às coreografias das lutas, que são mais simples. Em alguns momentos, o diretor utiliza recursos de câmera para realizar transições rápidas, tentando dinamizar as batalhas, mas que, para mim, não compensaram a simplicidade dos movimentos.

Curiosidades

  • Dragon Inn foi regravado duas vezes, a primeira em 1992, com o título de New Dragon gate Inn, e a segunda em 2011, recebendo o título de Flying Swords of Dragon Gate.

Nota

★★★★



8 de mar. de 2025

[Filme] The Unknow - 1927 (Tod Browning)

Olá! Como vão? Depois de muito tempo, retorno para o site. Muitas coisas aconteceram nesse período e o meu hábito de leitura acabou ficando de lado, infelizmente. Estou reorganizando minha vida para voltar a ler a também pensei em complementar os textos daqui com as coisas que assisto, principalmente filmes. Vamos fazer o teste para ver se fica legal. 

O filme escolhido para a estreia é The Unknow, do Tod Browning. A escolha não se deu por nenhum motivo em especial, estava olhando uma lista de filmes que fazem parte do catálogo da Criterion e acabei optando por reassistir essa obra. Acredito que a primeira vez que assisti foi há seis ou oitos anos.

Detalhes

Diretor: Tod Browning 

País: Estados Unidos

Ano: 1927

Duração: 75 minutos

Elenco: Lon Chaney, Joan Crawford, Norman Kerry, John George, Nick de Ruiz, Frank Lanning

Produtora: Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Corporation 


História

Alonzo (Lon Chaney) é um aclamado atirador de facas que faz grande sucesso por não ter os dois braços e atuar em um circo de aberrações. Ele se apaixona por Nanon (Joan Crawford), sua auxiliar no espetáculo de lançamento de facas e filha da dona do circo.

No entanto, Alonzo guarda dois grandes segredos que apenas seu fiel amigo, o anão Cojo (John George), conhece: ele, na verdade, possui ambos os braços e esconde essa informação após cometer uma série de crimes. A polícia descobriu que os delitos foram praticados por um homem com dois polegares em uma das mãos, o que o levou a esconder sua condição.

Enquanto mantém sua paixão em segredo e se mantém discreto para não atrair a atenção da polícia, Alonzo percebe o surgimento de um rival amoroso: Malabar (Norman Kerry), o Colosso. De maneira traiçoeira, ele se aproxima do homem e finge ajudá-lo a conquistar Nanon, incentivando-o a agarrá-la com suas mãos fortes. Contudo, ele omite um detalhe crucial: Nanon tem uma fobia relacionada ao toque de mãos masculinas, o que favorece suas chances de conquistá-la.

Certo dia, o dono do circo descobre o passado criminoso de Alonzo, e os dois entram em confronto. O pai de Nanon se surpreende ao perceber que o atirador de facas possui mãos e acaba morto por ele. No momento do crime, Nanon, sem conseguir ver o rosto do assassino, avista pela janela um homem com dois polegares na mão esquerda estrangulando seu pai. Com isso, a polícia retoma a busca pelo criminoso com polidactilia, mas descarta Alonzo como suspeito, já que ele continua fingindo ser um homem sem braços.

Após o crime, Alonzo decide não seguir a caravana e convence Nanon a ficar também, ganhando mais tempo ao seu lado. Durante esse período, ao ser beijado e abraçado por sua amada, ele confidencia a Cojo o desejo de se casar com ela. No entanto, o amigo o alerta de que seria impossível manter seu segredo em um casamento, já que qualquer contato físico poderia revelá-lo.

Convicto de que eliminar seus braços seria a única forma de conquistar Nanon, Alonzo toma uma decisão extrema: chantageia um cirurgião ligado ao seu passado para amputá-los. Após o procedimento, passa semanas se recuperando até estar pronto para retornar.

Quando finalmente volta, é recebido por uma Nanon radiante, que deseja compartilhar uma novidade: enquanto ele esteve ausente, Malabar retornou e conseguiu ajudá-la a superar sua fobia de mãos masculinas. Além disso, ela se apaixonou pelo Colosso, e os dois estão prestes a se casar. A revelação desencadeia uma crise de riso e desespero em Alonzo, que percebe ter perdido sua amada e amputado os braços em vão.

Após se recuperar do choque, Alonzo descobre que o casal estreará um novo espetáculo. Malabar será amarrado a dois cavalos puxando em direções opostas, mas, em segredo, os animais estarão correndo sobre esteiras, sem exercer força real. Como vingança, no dia da apresentação, Alonzo ataca o operador da estrutura e desliga as esteiras, fazendo com que Malabar realmente enfrente a força dos cavalos, ficando à beira de ter os braços arrancados.

No meio da confusão, Nanon tenta acalmar um dos animais, que se assusta e avança para atacá-la. Ao vê-la em perigo, Alonzo corre para protegê-la e acaba atingido pelo cavalo, morrendo pouco depois. Logo em seguida, os animais são contidos e Malabar é retirado da estrutura mortal.


Impressões

The Unknown foi um filme que me surpreendeu bastante na época em que o assisti. O ambiente dos antigos circos com shows de horrores, uma temática explorada em outros momentos pelo diretor, é fundamental para o clima do filme. A abordagem de temas como deficiência física e transtornos mentais é inovadora para a época e muito bem trabalhada.

A trama possui uma simplicidade característica dos filmes daquele período. Mesmo ao tratar de temas interessantes, como a fobia de Nanon, o assunto é introduzido de forma conveniente para o roteiro. No entanto, a decisão de automutilação de Alonzo é surpreendente, e o choque do personagem ao perceber que perdeu os braços à toa é um dos pontos altos do filme.

Curiosidades

  • Na versão original do filme,  Alonzo assassinava Cojo e o médico antes do seu retorno a Nanon. Eliminando, assim, todas as provas sobre o seu passado. 
  • O filme por muitos anos foi considerado perdido, tendo uma cópia encontrava em 1968, mas com cenas faltando. Posteriormente, novas cópias do filme foram encontradas, com mais cenas restauradas. 

Nota

★★★★