6 de ago. de 2022

Julia ou a Nova Heloísa - Jean-Jacques Rousseau

Olá! Como vão? Espero que bem. Hoje conversaremos sobre um livro que tive uma certa dificuldade para concluir a leitura. Falaremos sobre Julia ou a Nova Heloísa. 

Julia ou a Nova Heloísa foi escrito em 1761 por Jean-Jacques Rousseau e o romance dos protagonistas foi baseado na história de amor e renúncia entre Héloïse d'Argenteuil e Peter Abelard. Sendo considerado por Schopenhauer um dos quatro maiores romances já escritos até então. 

O livro conta a história de um humilde professor, Saint-Preux, que se apaixona por Julia, uma aluna que se encontra numa classe social bastante superior a que o mesmo pertence. Diante de tal sentimento proibido, o jovem mestre resolve se despedir, mas não sem antes declarar o seu amor, tendo uma surpresa: o sentimento é correspondido. Assim, temos o início da conturbada relação entre os dos personagens.

Ao longo da obra, temos intensas trocas de longas cartas entre os dois apaixonados. Entre os temas abordados, encontram-se grandes discursos filosóficos relacionados ao funcionamento da sociedade, a hierarquização social, o papel da religião, da política, entre tantos outros pontos. Na maior parte do tempo, tem-se Saint-Preux encarnando a posição de amante-professor, em que continua a processo de educação da sua amada nas cartas escritas enquanto viaja por diferentes localidades. Porém, engana-se quem pensa que Julia só se mantém numa posição de passividade, a mesma também direciona ao amado seus posicionamentos e reflexões sobre os temas abordados e também educa o amado. 

Em relação ao desenvolvimento da história, a questão da diferença social é um ponto central. O fato de existir uma barreira que proíba a existência legal desse amor, faz com que os protagonistas sejam obrigados a seguir suas vidas e estabelecerem outros relacionamentos, mesmo existindo um amor genuíno e constante entre Julia e Saint-Preux. Desta forma, observamos os dilemas de ser amar alguém em segredo. Tal dilema encontra seu ápice na conclusão da história, momento em que ocorre a morte de Julia, em que Saint-Preux. 

Julia ou a Nova Heloísa foi um livro que me exigiu bastante esforço para ler, não é o tipo de obra que estou acostumado. Por mais que eu ache interessante, nunca fui um entusiasta da filosofia. Sendo assim, deparar-me com as cartas gigantes e densas falando sobre a hipocrisia da sociedade francesa, a forma que se deve lidar com os funcionários, as várias camadas do amor… representou um desafio significativa em alguns momentos. Também é por isto que penso não poder dar uma nota ou responder se indico, foi uma leitura que tive contato em um momento da vida que o tipo de obra não me interessava muito. Caso você curta filosofia, acredito que vá se lambuzar com o texto.

Por fim, uma coisa interessante é que Julia ou a Nova Heloísa é um livro reconhecimento por grandes nomes mundiais da literatura e filosofia, mas, em simultâneo, desconhecido do público. Ao procurar alguns textos de apoio após a leitura, acabei me surpreendendo pela carência de conteúdo diante da grandiosidade da obra. Em um dos textos que li, é dada a explicação de que é justamente por esta complexidade da obra que se tem a afeição de certos intelectuais, mas é um livro que passa batido pelo grande público. Talvez seja isso mesmo, você concorda? 

Trechos da Obra

"[...] A mais importante educação, exatamente aquela a que todo mundo esquece, é a de preparar a criança para ser educada."

"Cada homem traz aí nascer um caráter, um gênio e talentos que lhe são próprios."

"Se alguma vez a vaidade tornou alguém feliz na terra, infalivelmente esse feliz era apenas um tolo."

"O sábio sabe e indaga, mas o ignorante não sabe sabe nem mesmo o que indagar."

"A ignorância diminui gradualmente, mas a vaidade aumenta sempre."

"[...] Nada é menos necessidade do que ser sábio e nada o é mais do que ser sensato e bom."

"Se não somos donos de nossos sentimentos, somo-lo, pelo menos, de nossa conduta."

"Se a vida é curta para o prazer ela é longa para a virtude!"

"O grande defeito da sabedoria humana, mesmo daquela que tem apenas virtude como objeto, é um excesso de confiança de que nos faz julgar o futuro pelo presente e a vida inteira por um momento."

"Aquele que diz: sou corajoso, não sabe o que fará amanhã."

"Pautamos o futuro pelo que nos convém hoje, sem saber se nos convirá amanhã."

"Goza-se menos daquilo que se obtém do que daquilo que se espera e somente se é feliz antes de ser feliz."

"Como amar ternamente as pessoas que reprovamos?"

"A prece do doente é a paciência, a preparação para a morte é uma vida boa."

"O destino daquele que é mais digno de lástima é o de ter ainda de consolar os outros."

Referências

  1. JACQUES-ROUSSEAU, JEAN. Julia ou a Nova Heloísa. São Paulo: Hucitec. 1994. 662 p.
  2. Julia ou a Nova Heloísa. A Rosa e o Florete. 26 de abr de 2017. Disponível em: <https://www.arosaeoflorete.com/post/2017/04/22/livreando-júlia-ou-a-nova-heloísa> . Acesso em 06 de ago de 2022. 
  3. Julie; or, The New Heloise. Wikipédia. Disponível em:<https://en.wikipedia.org/wiki/Julie;_or,_The_New_Heloise>. Acesso em 06 de ago de 2022.

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